E quando a esposa ganha mais, como fica?
 
12Jun

E quando a esposa ganha mais, como fica?

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Claudio Herique

 

 

Desde que o mundo é mundo, o homem cresce sabendo que ele é quem deve desempenhar o papel de provedor da casa. E apesar das mulheres ocuparem cada vez mais posições de destaque no mercado de trabalho, a sociedade ainda espera de um homem que ele exerça esse papel. Felizmente, as mulheres foram à luta, arregaçaram as mangas e pouco a pouco vão ganhando seu espaço. Agora, só falta uma coisa: convencerem seus maridos de que ganhar um salário maior do que o deles é algo perfeitamente normal.
 
Atualmente, a mulher provedora da casa já não é algo tão raro. Uma em cada quatro esposas nos Estados Unidos ganha mais do que seu marido. Isso é algo que deveria ser comemorado, certo? O livro “When She Makes More” (“Quando Ela Ganha Mais”), lançado recentemente no mercado norte-americano, mostra que ainda não é bem assim.
 
O jornalista especializado em finanças pessoais e autor do livro, Farnoosh Torabi, reúne uma série de informações que mostram o quanto é difícil um relacionamento desses dar certo. As mulheres com grandes salários têm dificuldades para encontrar um marido. Quando conseguem, a possibilidade de um divórcio é muito maior do que num casamento onde o homem é o provedor da casa.
 
   Capa do livro, que ainda não tem data de lançamento no Brasil.
 
Trata-se, sem dúvida, de uma constatação deprimente. O livro discorre sobre os motivos que levam a essa situação, mas não vou entrar nesse detalhe, pois o jornalista já o faz com muita competência (no final desse texto você encontra dois links de textos que falam mais sobre o livro). De fato, uma mulher bem sucedida ainda assusta uma boa parte dos homens. E muitos deles acham humilhante a situação de ganharem menos do que suas esposas.
 
Imagine no meu caso, onde minha esposa é quem assume todas as contas da casa hoje? Como todos os casais, temos nossas diferenças, mas a questão financeira nunca foi um problema. Sempre tivemos objetivos comuns e em casa nunca houve o “meu dinheiro” e o “seu dinheiro”. Fazemos até hoje um “trabalho em equipe”, visando manter um bom padrão de vida e a melhor educação para nossa filha, mas com os pés no chão.
 
Nos conhecemos muito jovens e durante muito tempo nossos salários foram parecidos. De repente, a carreira dela deslanchou, mas isso nunca foi um problema, pois eu ainda tinha uma boa remuneração. Fiquei feliz com o crescimento dela e ainda mais orgulhoso quando ela recebeu uma proposta para trabalhar no exterior, o que me levou a desistir da minha carreira para apoiá-la e cuidar da nossa filha. Mas ainda acho que sou um ponto fora da curva.
 
Eu possuía um amigo, por exemplo, que não tinha coragem de contar à esposa que ganhava menos do que ela, por isso mentia em relação ao salário dele. Ele costumava ficar “pendurado” no cartão de crédito ou no cheque especial, mas recusava-se a pedir dinheiro à mulher. Um verdadeiro absurdo em termos de administração financeira da casa, principalmente se levarmos em conta que se eles estavam casados, deveriam ter um projeto em comum.  
 
Outro caso é ainda pior. Ele, empresário, estava à beira da falência, mas nunca deixou a esposa, que tinha um bom emprego, pagar uma conta de luz que fosse. Como o marido tinha uma “ótima situação”, ela nunca se preocupou muito em guardar o seu salário. Por muito tempo mantiveram o mesmo padrão de vida. Um dia, ela tinha o sonho de conhecer Paris e ele, claro, não poupou esforços para lhe proporcionar (e pagar) uma viagem de 15 dias pela França. Na volta, o casal mal havia desfeito as malas e um oficial de justiça batia à porta para confiscar os dois carros que estavam na garagem.
 
Não preciso nem contar o final da história, mas antes que as mulheres queiram a minha cabeça, é preciso dizer que o casamento não acabou porque o rapaz ficou sem dinheiro e ela foi procurar outro que pudesse pagar as contas. Ela sequer precisava disso, pois tinha um bom salário. O que a deixou mais magoada, com razão, é que se ela soubesse da real situação dele, eles poderiam ter reduzido suas despesas e, com a ajuda do dinheiro que ela ganhava, teriam saído juntos do buraco, ou até mesmo ter evitado que a situação ficasse tão crítica. Por orgulho, ele acabou perdendo a empresa. E de quebra, a esposa.     
 
A verdade é que esse novo cenário onde as mulheres começam a ganhar seu espaço e competir com mais igualdade de condições é muito recente. Não há mais lugar para papéis predefinidos no Século XXI, mas ainda vai levar um tempo para que a sociedade, e os homens principalmente, quebrem velhos paradigmas. Posso dizer, por experiência própria, que não é fácil e essa é a história que eu conto no livro “Macho do Século XXI”. Mas vale muito a pena tentar.
 
Para saber mais do livro “When She Makes More”, recomendo a leitura de dois textos:
- “Quando elas ganham mais, o divórcio é uma possibilidade” – Jornal Valor http://www.valor.com.br/carreira/3552296/quando-elas-ganham-mais-o-divorcio-e-uma-possibilidade#ixzz32ABsfiZY

- “Quando as mulheres ganham mais que seus cônjuges” – Life Blog http://www.lifefp.com.br/blog/?p=27007

 


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