Um desafio de gênero a ser superado. E o papel da licença paternidade nisso.
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Claudio Herique
A igualdade entre homens e mulheres está em curso e esta relação precisa ser construída sobre novas bases. Esse é um mantra bastante difundido dentro das empresas e organizações. Os avanços são evidentes, embora ainda haja muito a ser feito. Entretanto, essa evolução deveria começar em casa – e é aí que a coisa ainda pega mais. A desigualdade de gênero nos lares brasileiros é um desafio a ser superado. E as empresas podem fazer sua parte nisso.
As mulheres rumaram para as empresas e conquistam cada vez mais espaço. Entretanto, o “território” da casa e dos filhos ainda não é um espaço tão ocupado pelos homens. Um relatório do Instituto Promundo-Brasil divulgado recentemente traz números que comprovam esta realidade.
O crescimento das mulheres no mercado de trabalho reflete-se nos dados econômicos. Famílias chefiadas por mulheres (com ou sem filhos) já são 40,5% do total no Brasil. Mas o machismo entra em campo quando os homens mandam no sustento da casa. Cerca de 45% dos que se declaram chefe de família não executam nenhum afazer doméstico. Entre as mulheres, este índice é de apenas 4%.
Outro dado interessante: 92,6 % das mulheres e 78,7% envolvem-se nas tarefas de casa e no cuidado dos filhos. A diferença global nem é tão grande assim, mas o envolvimento feminino é o dobro neste caso – 20,9 horas por semana, ante 10,8 horas semanais dos homens.
Juntando A com B não precisamos ser gênios para perceber que aqueles que tem mais tempo para se dedicarem ao trabalho tem acesso também às melhores oportunidades – ou que, no mínimo, ficam menos cansados, o que é já é uma enorme vantagem competitiva. Mas será que a maioria dos homens estão preocupados com isso?
Na mesma pesquisa do Promundo, 82% dos homens afirmam que fariam “tudo o que for necessário” para se envolverem no cuidado dos filhos. Legal, não? Entretanto, os pais que dão banho nas crianças com regularidade são 55% do total. Os que cozinham, são 46%. O discurso difere um pouco da prática e talvez isso pode ser explicado pelas estatísticas relacionadas à licença paternidade. O estudo aponta que até 2017 praticamente metade dos homens não havia usufruído da licença.
Vale lembrar que no Brasil, a licença paternidade prevista por lei é de 5 dias, mas pode chegar a 20 dias, caso a empresa tenha aderido ao Programa Empresa Cidadã. Algumas empresas chegam a oferecer um tempo maior. O maior exemplo é a fabricante de bebidas Diageo (detentora da marca Johnny Walker) que estendeu o benefício para seis meses.
Se uma boa parte dos homens ainda não valoriza a licença paternidade, uma mudança cultural enorme ainda precisa ser feita. E as empresas podem (e devem) fazer sua parte para mudar isso. A extensão da licença paternidade é uma ferramenta poderosa para aproximar mais os homens desse “território” da casa e dos filhos. Quais ações a sua empresa está realizando para incentivar uma adesão maior e promover também o melhor aproveitamento dela por parte dos seus colaboradores?
Você quer que um homem venha a respeitar uma mulher no futuro? Ensine esse respeito desde criança. Como pais e educadores, temos que assumir a responsabilidade de fazer este trabalho.
Não foi pouca coisa o que aprendi quando fui um dono de casa... Neste artigo compartilho alguns pensamentos sobre dependência financeira, carreira e filhos, trabalho doméstico e muito mais. Enfim, uma experiência que me ensinou muito sobre equidade de gênero
Defendo a equidade de gênero e a igualdade de oportunidades com unhas e dentes. Mas confesso que travo uma briga todos os dias com o pequeno machista que ainda habita dentro de mim.
Os homens precisam começar a se envolver nesta conversa sobre a igualdade de gênero. Lutar por um mundo mais justo, igual e respeitoso para as mulheres é uma obrigação de todos nós.